Chove
n
nchove e não é pouco
nComo também não o são
n meus pensamentos indecentes
nChove!
nChove insistentemente
nGotas e mais gotas uma, depois d’outra
nCentenas, milhares e milhões…
nA chuva continua a cair, firme e decidida
nAcoitando-me o costado, gelando-me
nO corpo até os ossos
nSinto você, tua presença é quando percebo
nDo outro lado a cortina de água
nEla tentando ofuscar o brilho do teu
nSorriso turvando-me a visão
nDiante dessa cortina que tenta nos separar
nSinto por um momento o sabor
nDa importância
nEla quer tirar de mim tudo
nAté esse sorriso que ferve-me o sangue
nDiante da impossibilidade de tocá-la
nOu pelo menos vê-la enlouqueço
nTu que habita minha intimidade e conhece meus
ndesejos secretos
nSabe que a muito tento me reencontrar
n Ter a segurança de antes, a maturidade
nconquistada a sangue
nReencontrar um EU que perdeu-se dentro de ti
nagora vejo-me como uma folha dessa arvore
n que te abriga
nArrancada de seu habitar á força
n que desgovernada vem ao chão
nNum balé doido dançando ao sabor
n de tuas vontades enquanto nuvens
n desabam sobre mim
nE o sol covarde se esconde
n privando-me de admira-la
nSei que apesar da úmida solidão logo a verei
nA magia do olhar e o esplendor do teu sorriso
nTens para mim um sabor lisérgico
n de desejos lindamente imorais
nUm tesão alucinógeno
n com verdadeiras viagens coloridas
nLinda
n Simples
n Deliciosa
n
n(Valter di Lascio)
n
nPs.: Poesia copiada do folhetim SÓ PRA SER (de Valter di Lascio), não foi mudada forma, palavras ou ortografia!