Por um 2022 como Flaira Ferro, Virada na Jiraya! Teremos um Ano de Boas Novas!

Um Manifesto pela Vida e Liberdade! Assim eu defino o álbum Virada na Jiraya, de Flaira Ferro. Não é um lançamento, é um trabalho de 2019 que eu já ouvi de ponta a ponta, indo e voltando e no modo aleatório. Não sou músico e nas linhas que seguem não vou desenvolver linhas técnicas, muito menos interpretar o trabalho, trarei meus sentimentos de um ouvinte preso nas músicas pré-pandemia, clássicos eternos também para o velho novo normal. As palavras entre aspas são os títulos das músicas de Flaira ou parte das letras.

Foto: Tárcio Teixeira.

No Carnaval de 2020 eu tive a alegria de acompanhar Flaira no palco da Praça do Carmo, em Olinda-PE, foram apenas duas músicas, fiquei com um gostinho de quero mais. Dias depois a pandemia jogou as pessoas para suas casas (ao menos quem tinha e podia). Fiquei preso no tempo em muitas músicas do período carnavalesco, mas em 18/12 esse ciclo se fechou, eu vi e dancei o show Virada na Jiraya, o portal para 2022 abriu com a energia necessária para transformar nossa realidade.

Quem ouviu Virada na Jiraya nas plataformas digitais, e estava no Museu do Estado de Pernambuco no show de Flaira Ferro, sentiu uma energia superior, a energia do presencial, a energia do recontro, a energia da liberdade, a energia da vida. Voz e corpo, pura energia.

É nessa energia que desejo que entremos em 2022 como Flaira abre o trabalho em “Faminta”: “eu não peço licença pra chegar, eu não sou obrigada”. Sem esconder a raiva, a calma, a energia da ancestralidade, metendo o pé na porta e mostrando a vontade de viver. Que nossa energia esteja “Ótima”, “forte, firme e sólida, solidária ao mundo” e que possamos “Germinar”, pois “tá na hora de reagir, entender que somos gigantes, ocupar o nosso lugar, acolher nossas almas”.

Façamos como a juventude que “sonha sem pudor”, que não se curva ao opressor, como nos lembra a 4ª faixa (“Estudantes”) desse trabalho lindo, e como “suporto perder”, com “toda casca rompendo, pra entender onde habita minha força motriz”.

O silêncio não será opção em 2022, vamos transformar a realidade, ela não será mais como esta que “orienta a não pensar nem refletir”, que impõe “a doença, e a descrença” que “vai sendo posta num bolo de chocolate” que “o povo come” e engorda e a alma vai sumindo “entorpecida e ninguém late” (“Essa Modelo”).

Não tem sido fácil de 2018 para cá, cada um/a de nós descobrimos um “Lobo-Lobo” em pele de cordeiro em nossa família, entre nossos/as amigos/as e colegas de trabalho, cada um de nós buscamos nosso “galho de arruda pra afastar despacho desse golpe baixo” e fomos na caminhada percebendo as máscaras caírem. Sejamos livres para mandar tomar “No Olho do Tabu” toda e qualquer repressão, pois “tudo que é reprimido adoece e fica mal”, mas que caia e fique presa na arapuca quem liberar seu preconceito que agride, mata e reprime.

Em Virada na Jiraya minha música preferida é “Revólver”, faixa 09, ela é energia, é cabeça erguida, é esperança para “mudar as coisas de lugar”, é a arte no “contra-ataque da guerra” para que nossas cidades sejam alegres, livres, pois “uma cidade triste é fácil de ser corrompida” e não permitiremos tristeza em nosso território.

Que sejamos alegres e possamos superar o sentimento que muitas/os de nós temos sentido com uma frequência que não existia em nossos corações, raiva ou até ódio que surge quando ferem nossa existência. Então, como em “Maldita”, “enquanto não consigo ser amor, vou sendo maldita” para que em breve possamos amar como outrora, com menos tempo para gastar com nossos adversários.

O divino não poderia ficar de fora dessa obra que reflete o amor e o ódio dos tempos atuais. Em meio a tantas distorções do divino por parte ultradireita, a canção “Casa Coração” deixa nítido de que Deus falamos: “na casa do pobre feliz, Deus é aprendiz; na casa do rico avarento, Deus é como o vento”.

Que os ventos de 2022 soprem liberdade, a liberdade de “Coisa Bonita”, que sopre para longe o machismo que impacta negativamente toda sociedade. Machismo que hoje está ainda mais impregnado na institucionalidade, na política. O feminismo é coletividade e transformação social, como diz Flaira: “toda mulher que deseja acende a força erótica que excita a criação, dê suporte à mulher forte, quem sabe a gente muda a nossa sorte”.

Nossa sorte em 2022 virá com a força das mulheres, da negritude, da comunidade LGBTQIA+, do povo pobre. Nossa sorte em 2022 será a superação do ódio, a superação da fome, a superação dos golpes sofridos de 2016 aos dias atuais.

Façamos de 2022 o ano da Boa Nova!

Deixe um comentário