Natal, independente das diferenças vindas das tradições religiosas ou pagãs, entre fatos históricos ou convenções, ele tem sempre em seu conteúdo o nascimento, seja do Menino Jesus ou do Sol, ambos chamados de Rei em algum momento, ambos responsáveis pela vida, um segundo a religião e outro segundo a ciência.
É sobre a vida que quero escrever nesse texto de Natal. Da alegria de ter Escurinho presente em minha vida, companheiro de coração forte, sensível, um cara do bem que é parte da minha formação pessoal e política, mais do que imagina. A vida só provou o que muitas/os de nós já sabíamos, que Escurinho tem um coração sensível, mas também forte e resistente, um coração que é parte de uma energia compartilhada com o mundo.
A recuperação de Escurinho vem sendo acompanhada com muito carinho e energia positiva por todas e todos nós. Não acompanhamos de perto como gostaríamos, mas como a vida permitiu. Ler sobre suas histórias no hospital – sobre como sentiu e viveu aquele momento, como conheceu pessoas, ouviu histórias, como queria está aqui fora conosco, mas também de como viveu e partilhou no hospital – é algo que só aumenta nossa admiração e respeito. Felizmente já podemos acompanhar nosso querido Escurinho em sua casa, ainda pelas redes sociais, devido os riscos da pandemia que teima em seguir.
Conheci Escurinho no Centro Histórico, na Praça Antenor Navarro, acho que 2007, ano que cheguei na Parahyba, na verdade eu o vi a primeira vez neste local que representa muito para mim, ele estava no palco com aquela energia e pulos nas alturas, ali eu senti que deveria conhecer mais sobre aquele artista. Depois disso fui vendo Escurinho em outros espaços, pesquisando sobre sua arte e descobrindo o militante social.
Em 2013 foi especial, não canso de falar do Coletivo Aguaceira, do quanto aprendi com as pessoas maravilhosas que conheci e convivi, entre elas estava Escurinho. Aqui, além de estar em meio a nossa “cultura em ação”, de conhecer mais sobre nosso semiárido, pude descobrir muitas histórias, ouvir Escurinho cantar mais de pertinho, compartilhar a mesa de bar, conversar. Jamais imaginaria que, anos após, alguns do coletivo aguaceira estariam filiados ao PSOL, inclusive Escurinho, o qual partilhamos chapa nas eleições de 2018 e 2020.
Em 2014, no Conventinho, estavam Escurinho e Otto no mesmo palco. Aquele show teve uma simbologia gigante, quase pulo na mesma altura que o mestre por poder experenciar parte da minha formação cultural que está entre Recife e Olinda, bem como meu presente na Paraíba, onde escolhi viver.
Em 2019 Escurinho esteve no lançamento do “Fantasia(s)”, quarta publicação com minhas poesias. Não esteve ali como artista ou ativista, mas como parte da minha vida, partilhando um momento pessoal. Neste dia Escurinho foi até o microfone, abriu o livro e começou não a recitar, mas a cantar, isso, ele cantou um dos meus poemas, fiquei tão animado que quando fui conseguir gravar já era tarde. Neste dia eu disse: quero parcerias para musicar alguns dos meus poemas, com direito a estúdio e tudo, eu realmente posso ser compositor, rsrsrs.
Feliz natal, Escurinho e todas as pessoas que amam a vida, partilham, resistem e transformam.