Em dezembro de 2020 vivi a pior quarta-feira de cinzas da minha vida.nAs lágrimas, que geralmente chegam na terça de Carnaval, escorreramnem vários momentos do dia. No meio da tarde meus olhos brilhavamnemocionados com matéria enviada por um amigo que é parte do meunCarnaval há alguns bons anos. Poucos minutos depois minhancompanheira, da vida e dos Carnavais, mostrava postagem do Homem danMeia Noite no instagram, era o fim!
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nEu nutria uma forte esperança de que teríamos Carnaval, não estavanesperando institucionalidade, palcos, decoração temática, nadandisso, eu esperava tradição. Ler que o Homem da Meia Noite nãonsairá no sábado de Carnaval causou a dor das cinzas sem o prazer donfogo.
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nSe a “palavra é uma arma”, como canta a Primavera Blue, meu tironsaiu pela culatra. Eu sempre disse que no dia que aquela festinha denSalvador e do Rio de Janeiro fosse em data diferente do Carnaval,nfesta única das ladeiras de Olinda, eu conheceria a festa daquelasnduas cidades. Não imaginei que o preço fosse tão alto.
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nJamais imaginei viver um ano sem o Carnaval de Olinda, festa que vivondesde 1990 sem faltar. Se é verdade que o ano só começa nonpós-carnaval, então é verdade que 2020 terá 730 dias, que 2021nsó iniciará em 2022.
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nComo lembrarei de 2020? Como o ano da pandemia, o ano de um Carnavalne duas quartas de cinzas, “é de fazer chorar”!
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JoãonPessoa, 09 de dezembro de 2020
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Ps.: escrevo entrenlágrimas, frevo e ainda escuto São Carnaval dizendo em meusnouvidos: “estou apenas testando a fé de vocês, as ruas serãonocupadas com segurança, será o Carnaval da vida, o Carnaval danvacina, será o Carnaval!”
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