Hoje estive na ocupação da câmara dos vereadores. Quem pensou que o movimento contra o aumento das passagens tinha parado… Basta ler as notícias para perceber a força do povo na rua. Foram mais de 500 estudantes e trabalhadores, o maior ato até agora. Eu era um mero coadjuvante em meio aqueles guerreiros adolescentes!
O futuro estava na minha frente, foi a sensação que tive na ocupação da câmara. Quando vi um estudante secundarista do Liceu Paraibano dando um banho de realidade em qualquer dos presentes… Fiquei arrepiado! Era uma energia, uma pancada de realidade, que qualquer militante, mesmo os mais antigos, não conseguiria fazer uma fala tão verdadeira e tão ameaçadora aos poderosos empresários e governantes de João Pessoa (prefeito, secretários ou vereadores). Uma energia que nos faz acreditar cada vez mais na humanidade!
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Ao chegar no trabalho tive um dos mais complexos atendimentos da minha vida, não que tenha sido diferente ou que a realidade dele (do adolescente) seja diferente de tantos outros massacrados pelo capital, pela crueldade da propriedade privada! Era um adolescente com 13 anos, imaginando ter 12 (não sabia a própria idade) e com um corpo aparentando 10 anos de idade, imagino que pela fome! Nunca frequentou uma escola, não fez (ainda) seu necessário tratamento de saúde pela falta de um pedaço de papel (sua certidão), não sabe o nome do seu pai e passa vários dias da sua vida nas ruas, esta é sua escola! A única vontade que tive foi chorar… CHOREI… AINDA CHORO!
O “grande crime” dessa “criatura” foi atingir a propriedade privada! Pulou uma cerca e pegou fios de cobre… Ao falar sobre os motivos, ele olhou em meus olhos com uma expressão que claramente dizia o quanto era obvia sua resposta: “para ajudar minha mãe e comprar bombom”… A maior dificuldade desse atendimento foi segurar as lágrimas!
Tudo que eu mais acredito é na humanidade e na possibilidade do fim da propriedade privada! Aquele garoto estava na minha frente por ter “furtado” uma empresa que já foi pública e por ter sido tratado como coisa, não como ser humano… Em meio a tristeza, fico feliz por naquele momento está lá e por ter outros profissionais competentes e coerentes por perto!
Morte ao capital!
Sigamos firmes e fortes acreditando na HUMANIDADE!