Tárcio Teixeira: 10 anos como Assistente Social!

Tárcio Teixeira: 10 anos como Assistente Social!
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Antes de falar sobre uma data tão marcante em minha vida, aproveito para parabenizar tod@s Assistentes Sociais pela conquista da jornada de trabalho de 30h semanais no Senado, foi um grande presente para meus 10 anos de formado… mas não acabou, agora é lutar para que o Presidente não vete, e seguir firma pela aprovação do piso salarial! Agora sim, divido com vocês um pouco dos meus 10 anos como Assistente Social.
Nasci em 1977, ano do “Dia em que a Terra parou”, isso mesmo, em meio ao ainda não sucesso de Raul Seixas. As lembranças da infância fogem sempre que tento mergulhar nessa etapa de minha vida, mas lembro de algumas coisas, e é a eleição indireta de Tancredo Neves é uma das mais marcantes, obviamente não pelo debate político e as críticas quanto ao processo, mas a alegria com que as pessoas saiam às ruas do Sertão dos meus avós maternos (Mombaça) comemorando aquele momento como a vitória das “Diretas Já”, mesmo sem eleições diretas. Já na adolescência uma das primeiras coisas que surge em meus pensamentos, foi o ano de 1992, quando eu gazeava pela primeira vez, o objetivo era acompanhar uma passeata do “Fora Collor”, aqui também não entendia muita coisa, mas já consegui perceber que algo importante acontecia, e tinha que participar. 1996, iniciei o curso de Serviço Social na Universidade Católica de Pernambuco, descobri que tinha muito para aprender, e muito além da academia, essa lição segue até hoje.
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Muita coisa acontece em uma década! Há exatos 10 anos (11 de agosto de 2000) eu estava assinando minha colação de grau, muitos de nós ainda comemorávamos o primeiro decênio do Estatuto da Criança e do Adolescente, e eu comemorava alegremente minha formatura, mesmo desempregado, após tentar ingressar no Tribunal de Justiça de Pernambuco- TJPE por concurso público!
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O primeiro emprego como Assistente Social? O de professor substituto da Universidade Federal de Pernambuco, traumático pela pouca formação e nenhum (ou pouco) apoio dos colegas professores mais experientes, e assoberbados de atividades… criticado por muitos, mas convicto da necessária “honestidade intelectual”, optei por trabalhar na lanchonete do meu tio durante a madrugada. Nesse período eu fui, e serei sempre, pai da minha lida e maravilhosa Luar!
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Com a noite aprendi tanto quanto na faculdade, um complemento para o que viria depois, o Sistema Prisional de Pernambuco e o Programa Sentinela, onde fiz muitos amigos e aprendi bastante com estes e com meus chefes imediatos (Célio Brasileiro e Marcelo Teles). Espaços que permitiram uma apresentação, de forma mais ampla, do Assistente Social Tárcio Teixeira ao tão temeroso “Mercado de Trabalho”, abrindo assim as portas para um dos espaços que mais gostei de trabalhar até hoje, o respeitado Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social- CENDHEC, aqui pude conhecer Pernambuco do Litoral ao Sertão, desenvolver inúmeras habilidades e aprofundar o conhecimento sobre os Direitos Humanos, mais especificamente os relacionados as Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, aqui tive grandes professores, em especial meu Amigo Ricardo, assim como uma grande Assistente Social, Valeria Nepomuceno.
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Ainda trabalhei com Jovens, como educador de Desenvolvimento Pessoal e Social, simplesmente apaixonante. Infelizmente, os contratos precarizados, em que muitos de nós Assistentes Sociais estamos submetidos, fez eu dedicar boa parte do meu tempo ao “estudo de concurso”, pouco enriquecedor intelectualmente e nada democrático, ao contrário do que pensam alguns.
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Nunca pensei em sair de Recife, quando menos espero, meu caminho foi a maravilhosa Paraíba, “virei” Assistente Social de empresa (Correios), aqui, além de um povo guerreiro e lutador, conheci uma Assistente Social muito especial em minha vida, Secundina, acho que nem ela sabe quanto aprendi naqueles “caminhos e descaminhos”. Um ano e oito meses depois cheguei onde queria desde 2000, fui nomeado Assistente Social do TJPE, mais gente massa e um trabalho bem perto do que gosto… não foram oito meses completos, a Paraíba já havia conquistado essa “alma cearense criada em Pernambuco”. Aqui estou, Assistente Social do Ministério Público da Paraíba, mais perto ainda do que gosto de fazer e ainda longe do que deveríamos ganhar.
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Em meio aos últimos dois anos, após finalmente passar em concurso, pude dedicar mais do meu tempo em tentar ficar um pouco mais “sabido”, graças a insistência e ao apoio de minha companheira (esse ano fizemos bodas de flores), entrei no mestrado em Serviço Social da Universidade Federa da Paraíba- UFPB, outr@s grandes amig@s, uma orientadora maravilhosa, e a aproximação de outros que já faziam parte de minha vida desde a graduação, hoje professores da UFPB e amigos que admiro.
Sou apaixonado pelo Serviço Social e por ser Assistente Social, mesmo com as muitas contradições da profissão e esperando que um dia tenhamos uma sociedade em que esse ela não precise existir, ou tenha um caráter completamente diferente do atual.
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Obrigado pelo apoio de tod@s, que venham os próximos 10 anos, seja onde estivermos, mas juntos em “projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero”.
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