João Pessoa, Capital do Barulho.

Texto: Ivaldo Gomes


Se você pensa que João Pessoa está passando apenas por uma pandemia de COVID19 e de um surto de gripe N3H2, é porque no mínimo você se 'acostumou' ao barulho que cresce na cidade e só não incomoda o ouvido mouco das autoridades. O barulho em João Pessoa está se transformando num caso de saúde pública. Pois todo mundo e a mulher de seu Raimundo se acham no direito de fazer barulho e o resto que se lixe. É a construção civil, são as oficinas a céu aberto, carros e motos com escapamentos cortados, bares, restaurantes e casas de festas com sua péssima música ao vivo, paredões de som por todo canto e festas com muito barulho por todo lado. Ainda tem a coleta de lixo aos gritos na madrugada e as motos de 'segurança' avisando o ladrão com seus apitos desnecessários e absurdos a cada 100 m. 

Estudos científicos apontam que o barulho acima de 45 decibéis faz mal para saúde humana. Mas em João Pessoa estamos sendo obrigados a 'viver' com médias acima de 70, 80 decibéis, o que tem causado doenças neurológicas em várias pessoas (dores de cabeça, insônia, palpitações, estresse, ansiedade, depressão). Principalmente em idosos e crianças, duas faixas etárias susceptíveis a esse tipo de agressão promovida pela poluição sonora e por barulhos excessivos. Já faz algum tempo que João Pessoa deixou de ser uma cidade que dormia. Quando depois das 22h se respeitava o silêncio e a cidade praticamente entrava em uma condição de calmaria, tranquilidade. Hoje as festas começam às 22h e vão até o amanhecer do dia. Onde a cultura do álcool (a droga mais destrutiva na sociedade atual) é a base de muitos negócios.

Como cidadãos e cansados de ser desrespeitados por um bar chamado 'República do Espeto', que se instalou de forma irregular e ilegal aqui no Conjunto Anatólia e que a mais de dois anos perturba o sossego público com a conivência das autoridades. Pois já foram denunciados junto a Polícia Militar, a SEMAM e ao MP-PB e até agora continuamos sendo maltratados e desrespeitados em nossos direitos. Parece até que a nossa cidadania é de terceira classe. Pois simplesmente não nos escutam em nossas reivindicações por direitos garantidos em LEI. Até quando isso vai continuar não sabemos. Mas sabemos que temos que reagir a tudo isso e estamos nos organizando para fazê-lo de forma pública e legal.

Ao longo desses últimos dois anos descobrimos outras pessoas que estão passando pelo mesmo problema, criamos um grupo de discussão, nos juntamos e no último dia 10/12/2021, em uma Assembleia Geral, criamos o Coletivo em Defesa do Meio Ambiente - CDMA-PB, com o intuito e objetivo de trabalhar contra todo esse barulho e toda essa poluição sonora a que estamos sendo submetidos contra nossa vontade. Esse Coletivo é formado por professores, pesquisadores, profissionais liberais (médicos, advogados, arquitetos, engenheiros, artistas, etc.), enfim cidadãos que resolveram agir de forma coletiva em defesa da natureza e de seus direitos de cidadania. Não vamos mais esperar pelas autoridades sentadas. Vamos questioná-las e exigir publicamente que elas assumam de vez seu papel no combate a todos esses abusos e desrespeitos. Estamos juntando cópias de denúncias já feitas (abaixo assinados, documentos, fotos, filmagens, protocolos, aferições, etc.) e vamos solicitar das autoridades providências com TERMO de AJUSTAMENTO de CONDUTA - TAC, devidamente assinados e caso essas providências não venham surtir os efeitos necessários, vamos colocar todas essas questões na mão da justiça. A quem cabe OBRIGAR o cumprimento das leis às autoridades e aos infratores. A luta é contínua.

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