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nEstou em um dia de solidão
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nAndando pelas ruas do Recife
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nCurtindo o silêncio da noite
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nObservando os sussurros do silêncio
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nPasso por uma de tantas belas pontes
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nAs águas chamam pelo meu nome
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nVejo nas águas do Capibaribe os metros cúbicos do meu amor
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nChego na Conde da Boa Vista
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nSinto vontade de voltar e olhar suas águas
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nAndo “para trás” como caranguejos no mangue
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nMais uma vez o rio
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nDessa vez imagino o caminho de suas águas
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nVi os limites do meu coração
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nApesar do medo
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nMesmo inseguro
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nFechei os olhos e vi o encontro dessa maravilha com o mar
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nSenti meu coração livre
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nDe volta à ponte visualizei o tamanho do aterro
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nLembrei das vezes que tive minhas paixões sufocadas
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nAbri os olhos
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nVi a noite com uma enorme lua
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nO Luar refletindo nas águas ilimitadas que misturam-se com mar
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nSenti mais uma vez meu coração livre para amar
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nAo mesmo tempo vi os barcos amarrados em suas margens
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nSenti a pressão de algumas âncoras espremer meu peito
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nCompreendo que o belo rio acolhe esses barcos com amor
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nTenho clareza que as âncoras em meu coração são bem amadas
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nImaginei os barcos mais frágeis que afundaram nessas águas
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nNão tenho medo de afundar
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nCom honestidade digo quem sou
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nMeu medo maior é dos barcos mais frágeis
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nNão lanço âncoras
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nMas sinto algumas serem arremessadas em meu coração
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nFico preocupado com quem não consegue levantar âncora
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nAo mesmo tempo não consigo negar meu amor
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nNão consigo negar minhas paixões
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nAs águas ilimitadas do Capibaribe
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nCada metro cúbico de água
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nCada barco acolhido
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nCada âncora lançada
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nVejo o reflexo do que sou
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nVejo os não limites do amor
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nVejo o reflexo do meu amor
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n (Tárcio Teixeira– entre 2004/2005)
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