38 Anos de Vida, Entre a Ordem e o Duvidar!

n“Vounduvidar de quem pensa que é melhor
nVou duvidar daquilo que já sei de cor
nVou duvidar de quem não põe o pé na lama
nVou duvidar de quem diz que não se engana

n

n(Titãs)

n

n

n

n31nde outubro de 2015, completo 38 anos de Vida Vivida. Verdade, não sou mais umnboy, mas ainda pretendo viver outros tantos Carnavais (sempre com letranmaiúscula). Lembro que até o início de 1997 meus objetivos eram simples, nãonqueria nada mais que boa parte da população coloca como meta, casar, ser pai enconseguir um emprego. Sempre tive planos para chegar onde queria, arrumei umannamorada, estudei pela manhã, estagiei no intervalo do almoço, trabalhei a tardene, a noite, vendi cachorro quente na frente da faculdade. O que seria da minhanvida se tivesse sido “só” isso? Afinal de contas já casei duas vezes, tenho umanfilha maravilhosa e já consegui alguns “empregos”.

n

n

n

nNonmesmo 1997 três figuras, em especial, perceberam meu potencial em pensar oncoletivo e, quando menos percebi, eu estava no Movimento Estudantil. Estounfalando de Roger, Patrícia e Dany, essa última com uma frase clássica que ecoanaté hoje em meus ouvidos: “o tempo depende de você, é uma questão denorganização e prioridade”. A primeira vez que ouvi aquilo eu pensei: “e essandoida sabe o que é acordar 06h30 e ir dormir 24h?”.

n

n

n

nAntesnde 1997 eu lembrava apenas de três momentos políticos: eu criança vendo, após aneleição indireta de Tancredo, as pessoas correndo pelas ruas de Mombaça-CE comnuma alegria sem fim; ainda criança, empolgado com a firmeza de Brizola falandonna disputa  eleitoral de 1989; e no foranCollor, já no início da adolescência (14 anos), acompanhando a coluna do PCR,nhoje importante aliado político.

n

n

n

nDenlá para cá a política tem feito parte da minha vida, vida que deixou de ser umneu limitado aos amigos e familiares ao descobri o “Matrix”, sem conseguirnrecuar para um mundo no qual a exploração de classe só não exista “na minhancabeça”. Foi em decorrência dessa desigualdade, que fez deixarmos os nossos emnnome de emprego e renda, que saí do meu sertão, lá no Ceará, ainda criança,nlevado por uma GUERREIRA, viúva aos 18 anos, para “arriscar a vida” emnRecife-PE, onde uma desbravadora (tia Marieta) já tinha aberto caminhos para osnque chegariam depois.

n

n

n

nCaramba!nComo terminarei essas linhas como pensei inicialmente? Não conseguirei, vounseguir com a vontade de escrever que consome esses dias pré-aniversário, mesmo que eu não detalhe as águas e os ratos da cheia da Madalena, que não detalhe outas tantas negatividades e positividades da caminhada, que eu não desenhe as aventuras do TRM (fiquem curiosos – ainda não tive coragem nem autorização) de escrever sobre esse trio de coração tão aberto. Seránque só eu fico assim nesse período?

n

n

n

nMudeine mudei muito! Morei em 02 estados, 05 cidades, 10 bairros e 17 casas, isso semncontar as 04 casas e os dois bairros que morei em João Pessoa-PB, quandondefinitivamente pude, de fato, escolher onde morada com a Baiana que amo e vivonhá 9 anos.

n

n

n

nVivonhá pouco mais de 8 anos na Paraíba, mas com uma intensidade maior do que ondennasci e onde cresci. Aqui, em nossa Paraíba, conheci mais de 80 cidades; fui ondelegado sindical mais votado nos Correios; defendi minha dissertação de Mestrado;nfui um dos 7 membros da Comissão Nacional de Ética do PSOL por duas gestões;nfui eleito e reeleito Presidente do Conselho Regional de Serviço Social danParaíba, ao lado de um grupo fantástico; contribuí para mudar o perfil do PSOLnna Paraíba; e fui candidato a Governador do Estado. Tudo isso em 8 anos! Essa intensanhistória diz: “se ligue, você não pode mais recuar”.

n

n

n

nÉ,nparece que terminei o texto antes do esperado. Não tenho pretensão de recuar, anrealidade que faz o ser humano, a minha fez eu ter clareza de que lado estou.

n

n

n

nOpa!nO mote que eu queria escrever ficou fora desse texto, vamos lá! Eu, até algunsnanos depois de 1997, tinha muito medo de ficar velho, tinha muito medo danmorte, talvez pelos limites dos planos ou da visão de mundo que eu tinha nanépoca. Quando comecei a militar, a ter uma visão para além da minha vida,npassei a ter outra visão da história, passei a entender que eu não tinha medonda velhice, que eu não tinha medo da morte; passei a entender que meu medo erande ser tratado como os idosos são tratados hoje, que meu medo era de morrernsimplesmente sendo mais um casado, pai, empregado e que nada fez para que essenmundo seja diferente para os que estão e para os que chegam e seguiram chegandonpara melhorar esse mundão.

n

n

n
n

nPornmais que alguns digam que é pouco o mundo que temos para o que precisamosnenquanto humanidade, nosso mundo só é o que é pelo “simples” fato de tantasnviúvas ousarem, de tantos filhos da classe trabalhadora romperam barreiras, dentantos militantes não recuarem. Comecei a militar 90 anos depois da RevoluçãonRussa, que não chegou onde queríamos, mas é importante lembrar que a exploraçãonde classe vem de milhares de anos no mesmo rumo da exploração que vivemos hoje. Seguirei a máximando “vou duvidar” e agarrado em algumas linhas anarquistas de Raul Seixas, asnmesmas estampadas em minha monografia: “não sei onde estou indo, mas sei quenestou em meu caminho”.

n

Deixe um comentário