A bagagem da vida é pesada, precisamos saber o que deixar no caminho, o que colocar de lado para mais a frente saber se segue ou não na bagagem e quais novidades vão para mochila. Isso também serve para onde vamos parar na vida das pessoas, as avaliações nem sempre são as mesmas. Tenho aprendido a fazer isso guardando o que foi bom e comemorando as conquistas conjuntas, mas sabendo que nem tudo, nem ninguém, precisa seguir em nossas vidas para sempre, para guardar as boas experiências é bom que não sigam.
Quem leu meu último texto de final de ano (2023/2024)*, ali já percebeu que eu começava algumas mudanças na minha caminhada, especialmente a de não mais querer ser um acumulador de pessoas que não flexibilizam e sempre esperam que você recue, ou mesmo aquelas que só vão até onde seu conforto não seja inviabilizado, tipo aquele que quer ser sempre o legal e viver só de boa, mas parecendo ser o cara que sabe e faz muito, mas na real não carrega o piano e diz que a culpa é do outro.
Em 2024 resolvi fazer algumas pessoas saírem dos seus lugares de conforto e, ao mesmo tempo, pensar mais no Tárcio como sujeito coletivo, mas sem se anular tanto em seus desejos e perspectivas, como foi em boa parte da vida. Admito que gostei de acompanhar algumas movimentações de quem achava saber o que fazia, que juntava garrafas com água parada para contar o que não seria somado, deixava o estômago falar sem estudar e sem deixar a política guiar. Isso fez vários dedos serem apontados em minha direção, mas percebi (tarde) que alguns deles já estavam estirados fazia um bom tempo, talvez tenham escutado Raul cantar “é sempre mais fácil achar que a culpa é do outro”, mas olha, admito, foi libertador não querer resolver certas questões sem disputas, olhar ela acontecer sem intervir antes de cada um dizer a que veio, não ter que dizer tudo, saber que a questão já tinha solução e que outros dariam um desfecho com a elegância que eu não daria, aprendi que algumas coisas precisam acontecer!
Essa opção permitiu minhas energias serem voltadas para o que eu mais gosto e acredito, sendo mais eu e mais coletivo ao mesmo tempo. Foi assim na política, na fé e na vida pessoal. Óbvio que isso não foi apenas em 2024, mas nele consolido essa transição.
Nessa jornada, algumas pessoas ficaram no caminho e não faço questão de regresso. Para outras pessoas, inclusive algumas que amo (sim, sigo amando), eu não sei se para elas fiquei no caminho ou voltarei para mochila algum dia. Em algumas, as feridas ficaram; mas em outras, nem sentiram, só pensavam em si, quando conseguiram seus objetivos (que não eram os que diziam ser), foram deixando no caminho quem foi útil para isso.
O caminho escolhido para 2024 foi duro, mas permitiu muita coisa massa em minha vida. Em 2024 fiz novos amigos/as e parcerias políticas. Pude dedicar energia para cultura e a luta antiproibicionista, como planejado; garantir visibilidade ao serviço social, como sempre tenho feito; e potencializar a luta em defesa do meio ambiente, como demandado pela conjuntura mundial. Para além das pautas que pude analisar e escolher, ainda consegui focar minhas energias para Encantaria, Jurema Sagrada e Orixás.
Fui o candidato a vereador mais votado da história do PSOL na capital da Paraíba, foram 2.505 votos. Construí o Festival Vida, Cultura e Meio Ambiente. Estive na coordenação da pesquisa “A Periferia Que Influência a Paraíba”, construindo um material lindo sobre a Rua do Rio. Organizei um livro de poesia resultado de um concurso que envolveu vários estados do país. Juntei muita gente linda no Seminário Nacional Conhecer Conquistar: Cultura, Drogas e Cidadania. Ajudei na exposição de concurso de fotografia com o mesmo tema do seminário. Também fiz algumas denúncias importantes aos órgãos competentes; ações de replantio; lancei novas músicas. Nada disso foi feito sozinho, sempre de forma coletiva, com pessoas de luta que estão ou não organizadas em entidades e/ou movimentos.
Lições de 2024… Não tema o caos, dele surgem novos caminhos. Não impeça certas disputas, elas podem ser necessárias. Não antecipe seus passos. Guarde as palavras para hora certa. Tenho 47 anos e sigo disposto para amar, conhecer, experimentar, aprender, mas também para teimar, enfrentar, disputar, transformar e ser transformado.
2025, pode chegar! Estou mais que pronto!
* https://tarcioteixeira.com.br/2024-a-colheita/