Segurança Pública em Risco na Paraíba.

Parte da imprensa não entendeu a gravidade da denúncia que fiz hoje pela manhã, reduziu a um enfrentamento com um Deputado. A denúncia que fiz é bem maior que a pequenez de Cabo Gilberto, é sobre a guerra deflagrada entre grupo de PM e facções, algo que já vimos acontecer em outros estados e não queremos para nossa Paraíba.

Os print’s que expõem os Polícias que estão fazendo extra também está na denúncia, até mesmo porque sei que eles precisam de proteção, daí eu não cometer a irresponsabilidade de divulgar esses print’s, de enviar apenas ao Procurador Geral de Justiça.

Tive a sorte da declaração do Governador ser bem próxima ao protocolo da minha denúncia, mostra que fiz certo em não calar e protocolar as informações que recebi. Não tenho dúvidas, essa é a denúncia mais difícil da minha vida militante, mas a coragem é uma marca presente em minha caminhada na luta pela vida. A milícia tem peso na política nacional, não podemos permitir que ela seja instalada de uma vez na Paraíba.

Com intuito de ampliar essa importante luta em prol do povo da Paraíba, eu enviei cópia do texto da denúncia para o Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba, o advogado Alexandre Soares de Melo fará contato o Presidente da OAB e outras mobilizações serão realizadas para envolver outras referências pessoais e institucionais que lutam pela vida.

Ao final da postagem seguem alguns dos print´s protocolados na denúncia feita ao Ministério Público da Paraíba.

Tárcio Teixeira

Assistente Social

Defensor dos Direitos Humanos

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Excelentíssimo Srº Procurador Geral de Justiça,

Recebi denúncia que, diante de tamanha gravidade, resolvi comunicar de forma direta a Vossa Excelência, primeiro pelo MPV 2 e em seguida indo ao vosso gabinete. As informações, inclusive prints, foram fornecidas por fontes que não querem se identificar por motivos de segurança.

As informações versam de que facções e policiais militares declararam guerra e que no próximo final de semana a cidade de João Pessoa pode ser tomada por um banho de sangue, que pode trazer desdobramentos na consolidação de grupos de extermínio e restruturação de grupos criminosos, fortalecendo assim as facções existentes em nosso Estado.

O clima instalado é de tal gravidade que, segundo as informações que nos chegam, circula nos grupos de policias militares, mensagens (anexo) de grupo organizado, policiais militares ameaçando de morte detentos, familiares de detentos em momentos de visita e até mesmo a comunidade de forma geral, tudo isso se auto intitulando de “A ORDEM”.

Segundo informações recebidas por mim, o ônibus incendiado em Mangabeira na data de ontem 23/01/2022 é uma decorrência dessa disputa entre grupos de policiais militares e facções criminosas que atuam na cidade, conforme se evidencia dos print´s em anexo: “o respeito aos policiais agora vai ser pelo medo da morte”.

É importante destacar, que em meio a esse acirramento entre policiais e grupos criminosos, está em curso atualmente um movimento de Policiais e Bombeiros Militares reivindicando benefícios e reposições salariais ao Governo do Estado, conforme amplamente divulgado pela imprensa local, tendo inclusive sido realizada nas últimas semanas mobilizações, passeatas e protestos por parte dos PMs em João Pessoa, conforme se demonstra das matérias jornalísticas e vídeos em anexo*.

Pois bem. No afã de concretizarem suas legítimas reivindicações junto ao Governo do Estado, chegou ao nosso conhecimento, por outras fontes, de que policiais militares que fazem plantão extra estão sendo pressionados e coagidos por outros colegas policiais que lideram o movimento, para se absterem e não fazerem esse tipo de plantão. Além de mensagens enviadas para os telefones privados dos policias que estão fazendo plantão extra, e que por motivos de segurança não querem se identificar, o grupo de policiais que lidera o movimento vem colocado nos grupos WhatSaap dos policiais a quantidade do efetivo, de viaturas e os territórios que tem o policiamento do dia, além do nome do policial que estar fazendo extra naquela escala de serviço, em sinal inequívoco de coação e constrangimento aos policiais que querem livremente exercer seu ofício, pois tais condutas acabam identificando quem está de serviço extra naquele dia, expondo para o restante da categoria que participa do movimento “Polícia Legal”.

Este fato, além de se configurar como coação ilegal por parte de pessoas que não conseguiram convencer os demais policiais por meio do debate franco de ideias, ainda coloca em risco toda população da Paraíba, em especial a da capital e região metropolitana, já que os mesmos que fazem essas ameaças aos colegas de farda, sabem perfeitamente que o clima de acirramento que está instalado entre policiais e membros de organizações criminosas, pode desencadear para um cenário de violência e descontrole institucional na área de segurança bem maior em nosso Estado.

Especula-se uma contraofensiva por parte das organizações criminosas para o próximo final de semana, de 28/01/2022 a 30/01/2022, em resposta a morte de vários integrantes destas organizações em conflito com a Polícia Militar nas últimas semanas, conforme se demonstra a partir dos próprios vídeos produzidos e distribuídos em grupos de policiais no WhatsApp.

Estando possivelmente o efetivo da Polícia Militar reduzido, em razão da greve branca estimulada por alguns policiais, isso como forma de pressionar o Governo do Estado a acatar as suas reivindicações, e considerando o acirramento entre grupos de policiais militares com membros de organizações criminosas nas últimas semanas; considerando ainda as declarações que vem sendo veiculadas em grupos de WhatsApp de PMs e de representantes de facções criminosas, é razoável se imaginar que à sociedade como um todo fica, diante deste contexto, submetida a um elevado grau de exposição e vulnerabilidade. Portanto, é o presente expediente para dar ciência plena a Vossa Excelência sobre os gravíssimos fatos que chegaram ao nosso conhecimento, ciente de que na condição de servidor efetivo deste importe órgão Fiscal da Lei, não poderia me abster de levar ao conhecimento institucional do Ministério Público da Paraíba, esperando que providências junto ao setor de inteligência deste órgão possam ser adotadas, visando impedir ou se antecipar contra as possíveis consequências decorrentes dos fatos aqui enumerados.

*Aqui postamos apenas print´s que não possibilitam identificar pessoas, vídeos e print´s com fotos foram enviados apenas para o Ministério Público da Paraíba.

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