Não sou muito de confessar minhas tensões ou meu cansaço, mas neste segundo semestre tenho dividido minhas energias entre: meu partido, contribuindo com a candidatura de Renan Palmeira para Prefeito de João Pessoa (PSOL 50), Comissão de Ética Nacional e (recentemente) com a tesouraria estadual; o Conselho Regional de Serviço Social, cumprindo minhas obrigações enquanto presidente; minha jornada de trabalho no Ministério Público da Paraíba; e, obviamente, minha vida pessoal, acordar 5h30 para fazer café da manhã, arrumar a lancheira e esperar o transporte escolar, entre outras tantas. Não tem sido fácil esse segundo semestre!
Alguns perguntam de onde tiro energia para tantas atividades, outros porque eu não dedico meus dias para fazer as leituras desejadas e conhecer locais que tenho vontade; ainda existem os que não entendem como gastar dinheiro com uma militância que já compromete tanto o tempo de nossas vidas… Não podemos negar que, em alguns poucos momentos, essas perguntas/vontades surgem em nosso íntimo.
Não fosse conhecer a realidade na carne, ter aprendido desde pequeno que o coletivo é mais importante que o individual e que não podemos ser controlados pelo dinheiro; não tenho dúvida que meu destino poderia ser o de dizer que não tenho tempo para tanta dedicação, pois pensaria apenas em meu inglês (que não faço), academia (que não faço), doutorado (sem previsão alguma), passeios (bem reduzidos), relacionamento… É como um filme, como descobrir a “Matrix”, tudo passa a ser diferente em nossas vidas, percebemos o quanto somos fantoches da vida que pensávamos ser nossa e, por isso, precisamos tomar conta de nossas rédeas e contribuir para que outros possam tomar, verdadeiramente, seu próprio caminho.
Porque não ceder? Parece ser o mais natural, o mais comum… Eu poderia fazer uma lista enorme de motivos, mas quero apenas dizer que nosso mundo é carregado de mazelas, mas não podemos perder de vista que já vivemos a escravidão, passamos por Reinados (por uma época) inquestionáveis, pessoas foram queimadas e guilhotinadas, fomos impedidos de falar e de votar, passamos época na qual o analfabetismo era infinitamente superior, períodos em que as políticas públicas não existiam. Até pouco tempo, eu devia ter uns 8 ou 9 anos, eu via no Sertão (com letra maiúscula) do meu Ceará sacos de leite da merenda escolar vendidos nas prateleiras de algumas bodegas e, em menos tempo ainda, a corrupção era tida como natural… Hoje é igual? Obviamente que NÃO! E mudou por bondade dos governantes e elites do nosso país? NÃO, mudou com muito sangue e esforço de muitos que dizem que “nada deve parecer impossível de mudar” (Bertold Brecht)!
Hoje, após acompanhar Renan (PSOL 50) em debate entre os candidatos a Prefeito de João Pessoa, fui com meu companheiro de partido almoçar em centro comercial próximo a TV, depois fomos no “Sabadinho Bom” (evento cultural da nossa cidade)… ENERGIZANTE a caminhada! As pessoas dizem as mais diversas frases: “eu não ia votar em ninguém, mas vejo que nem tudo é igual”; “sei que não é fácil enfrentar esses que sempre governaram, mas siga forte, estamos com você”; “eu voto com você, sua juventude e coragem contagia”; “você fala muito bem, ideias boas e diferentes para nossa cidade”… O sentimento da nossa militância e dos que nos cumprimentam já é de vitória!
Não vou aqui detalhar a campanha eleitoral ou demais conquistas que percebo na Paraíba (ou em outros espaços que passei), não são conquistas minhas ou suas, mas nossas, d@s trabalhadores/as endo povo sofrido da nossa cidade. Quero apenas dizer que se estamos onde estamos, se hoje vivemos melhor que em outros momentos históricos; é fruto da força social transformadora, fruto de homens e mulheres que abdicaram de algumas importâncias para suas vidas e assumiram outras importâncias para nossas vidas!
Sigamos buscando energia nas vitórias coletivas da humanidade, “nada deve parecer impossível de mudar”!