Chegando em casa, resolvi abrir um vinho que havia comprado para ouvir um samba e passei a escrever estas “melosidades” sem sentido…
Eu estou com dois textos prontos na cabeça, um conto e outro sobre o momento privatizante que passa nosso país; estava apenas esperando chegar em casa para transcrever as linhas que teimavam em se articular; mas quando peguei minhas coisas, saindo da sede do CRESS/PB, uma jovem afirmou algo próximo de: “o amor nunca é bom”. A frase fez com que eu pegasse o ônibus articulando outras linhas, não conseguia parar de pensar no amor como construção social.
No ônibus, um casal parecia seguir o percurso sozinho, como se nenhum outro passageiro estivesse por perto e aparentando não ter nenhum pouco de incômodo com o calor dos vidros fechados ou o clima abafado devido a chuva forte que caía nas ruas da capital paraibana.
Já perto de casa, uma música entra com toda força em meus ouvidos, nela Geraldo Azevedo, ao relacionar a música e o amor, canta: “[…] Quantas canções parecidas/ E tão desiguais/ Como as coisa da vida/ Coisas que são parecidas […] Quando acontece na gente/ O mesmo amor/ É um amor diferente demais […]”. Incrível a sutileza com que o poeta joga na nossa cara como tudo é tão parecido e, ao mesmo tempo, tão desigual; nada mais dialético que o amor, nem o dicionário ajuda a entender sua definição, muito menos quando alguém cochicha no ouvido: “não seria paixão?”.
A busca por definições são as mais diversas, e nem venha dizer que é coisa simples e basta viver… Alguns pensam que não existiu amor porque o relacionamento chegou ao fim; outros que o amor é único, impossível amar novamente na vida; ainda tem quem diga que que nama é capaz de tudo, até de se anular diante do outro… Não sou estudioso do assunto e nem atrevo entender essa parada, mas sei que você – nesse exato momento – pensa em outra definição ou nos motivos que levaram o Tárcio a escrever essas “baboseiras”.
Eita… não posso terminar agora, lembrei que você deve ter pensando no amor de mãe, amor de amigo/a, amor de pai, amor de filho/a; deve ainda ter lembrado, mesmo sem entender ou acreditar nisso, que existem pessoas vivendo no sofrimento (nas mais diversas intensidades) para seguir ao lado da pessoa amada.
Não somos uma ilha, não pensamos igual, mas sabemos o que é bom e ruim… é verdade, talvez não consigamos dosar tudo isso e saber até onde vai o bom para um, o bom para o outro e o bom para o nós… Nem se anime, não tenho essa resposta para tornar sua vida mais fácil… Só quero dizer três coisas: a primeira delas, o que eu disse para jovem na sedendo CRESS/PB, lembre do amor a humanidade; a segunda, é que faz tempo que desisti de buscar definição para o amor, concordo com Geraldo quando ele canta – “Quantas canções parecidas/ Então desiguais”; a terceira, é o quanto é bom o amor, seja ele platônico, de uma noite, de um carnaval, de poucos meses, de alguns anos, de muitos anos, eternos…