Capibaribe

Estou em um dia de solidão
Andando pelas ruas do Recife
Curtindo o silêncio da noite
Observando os sussurros do silêncio
Passo por uma de tantas belas pontes
As águas chamam
Vejo nas águas do Capibaribe os metros cúbicos de meu amor
Chego na Conde da Boa Vista
Sinto vontade de voltar
Ando para trás como caranguejos no mangue
Mais uma vez o rio
Dessa vez imaginei o caminho de suas águas
Vi que são os limites do meu coração
Apesar do medo
Mesmo inseguro
Fechei os olhos e vi o encontro dessa maravilha com o mar
Senti meu coração livre
De volta a ponte visualizei o tamanho do aterro
Lembrei das vezes que tive minhas paixões sufocadas
Abri os olhos
Vi a noite com uma enorme lua
O Luar refletindo nas águas ilimitadas que misturam-se ao mar
Senti mais uma vez meu coração livre para amar
Ao mesmo tempo vi os barcos amarrados em suas margens
Senti a pressão de algumas âncoras espremer meu coração
Compreendo que o belo rio acolhe esses barcos com amor
Tenho clareza que as âncoras em meu coração são bem amadas
Imaginei os barcos mais frágeis que afundaram nessas águas
Não tenho medo de afundar
Com honestidade digo quem sou
O meu medo maior é quanto aos barcos frágeis
Não lanço âncoras
Mas sinto algumas serem arremessadas em meu coração
Fico tenso com os barcos que não conseguem levantar âncora
Ao mesmo tempo não consigo negar meu amor
Não consigo negar minhas paixões
As águas ilimitadas do Capibaribe
Cada metro cúbico de água
Cada barco acolhido
Cada âncora lançada
Vejo o reflexo do que sou
Vejo os não limites do amor
Vejo o reflexo do meu amor
(Tárcio Teixeira)
Ps.: A “dialética” joga âncora em nossos corações!

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