O Debate pré-eleitoral no PSOL Paraíba foi muito duro. O Partido hoje ainda é muito mais forte que antes de 2018, mas caímos muito no último ano com a última direção estadual eleita. Temos menos diretórios municipais, tivemos uma reduzida participação nas eleições de 2024 e seguimos sem eleger nossos/as parlamentares.
Alguns dirigentes de outras cidades esvaziaram as forças em seus municípios para tentar desfazer uma deliberação democrática em João Pessoa, fragilizando suas construções locais. Outros misturaram o debate pessoal e o político, não só rompendo relações pessoais, mas chegando ao ponto de não responder a um bom dia, boa tarde ou boa noite de outro companheiro e a bloquear os/as “coleguinhas” nas redes sociais.
Quem achou que poderia fazer o PSOL seguir desejos pessoais ou articulações pontuais, precisa conhecer mais o partido. Maioria e minoria são construídas no Congresso do PSOL, não em conchavos do submundo da política que acham que podem mobilizar de forma surpresa, inclusive por meio da Justiça burguesa e por dirigentes de outras cidades, para tirar política para João Pessoa ou atropelar um Diretório eleito em Congresso Partidário que reuniu quase uma centena de filiados/as. Assim como não podem se apossar do Diretório Estadual desrespeitando dirigentes que construíram dezenas plenárias municipais, deram meses de suas vidas, para garantir a vitória no último congresso. Esse processo impactou o balanço aqui apresentado e será considerado nas consequências de cada ação. Algumas análises realizadas no último congresso do partido podem ser percebidas nos resultados eleitorais nos diferentes municípios onde o PSOL teve candidaturas.
Em Cabedelo, a polarização entre a candidatura do Avante (com o apoio do Governador) e o representante direto da extrema direita (Wallber Virgulino) fez a candidatura do PSOL cair pela metade (1184) dos votos de 2020 (2.346), apesar do bom trabalho desenvolvido pelo companheiro Rogério como nosso candidato a prefeito. Se em 2020 a chapa proporcional alcançou 776 votos, em 2024 caímos para 731.
O voto para derrubar Nilvan Ferreira em Santa Rita também fez cair a quantidade de votos do PSOL de 2020 (1951) para a votação do companheiro Jodson em 2024 (1096), mas superando a votação proporcional em 26 votos (516), não significando aumento percentual. O bom trabalho individual não supera as questões impostas pela polarização da conjunta.
No Conde tivemos o início de um trabalho com Edinho alcançando 0,86% (142) e a chapa de vereador, apesar da pouca votação, sendo mais votada que o MDB e a Rede. Destaco aqui o fato da resolução da estadual sobre as prioridades e os recursos não ter sido cumprida, fato que provavelmente não mudaria significativamente o resultado ali alcançado, mas diz da importância de providências serem tomadas para algo assim não se repetir com nenhuma outra cidade.
Em Catolé do Rocha também tivemos um início do trabalho do PSOL na cidade, onde a companheira Bidia alcançou 2,61% dos votos (471) e chapa proporcional a última colocação com 0,12% dos votos (22).
Em Itaporanga não tivemos candidatura para prefeitura, seguindo deliberação de priorizar o legislativo, saindo de 3,14% dos votos em 2020 (411) para 3,5% em 2024 (496), maior votação percentual alcançada na Paraíba para o legislativo.
Bruno Cunha Lima cumpriu a risca a política bolsonarista para ser o representante desse setor nas eleições e somar a força conhecida dos Cunha Lima em Campina Grande, em contraponto a isso, a tendência era que o voto último fosse depositado na candidatura do ex secretário de saúde pelo PSB, o que acabou acontecendo, fazendo com que a candidatura do PSOL com o companheiro Nelson Junior caísse consideravelmente (1403) quando comparada com 2020 (5.241) e que a Rede (1.631) tenha tido mais que o dobro dos votos das candidaturas do PSOL (717) para Câmara Municipal.
Em João Pessoa alertamos para os riscos de um segundo turno entre Queiroga e Cícero e para necessidade de uma unidade com o PT para fortalecer esse campo na cidade. Alguns dirigentes do PSOL zombavam dessa possibilidade e acusavam-nos de querer forçar a realidade para caber em nossos desejos, infelizmente precisou a história mostrar que estávamos certos, mas aí, tanto dirigentes do PSOL, como do PT que estavam com Cícero, já tinham fragilizado esse processo, inclusive inviabilizando a possibilidade de debatermos a composição na vice.
Para Câmara Municipal eu tive a maior votação da história do PSOL na Paraíba (2.505), mostrando o acerto de priorizar a candidatura. O total de votos da chapa chegou a 6.884, tendo o PSOL quase o dobro dos votos da Rede. Ao contrário do resultado de outras cidades, onde o PSOL optou por candidatura própria onde existia uma representação da extrema direita na disputa.
Infelizmente a chapa proporcional não acompanhou, candidaturas anteriores (como a do professor Francisco) caíram em votos, outras que esperávamos ter uma votação superior não teve crescimento (apesar da ampliação do recuso recebido). Ainda tivemos candidatura que ficou no limite da política estreia que representou na posição partidária.
A demora do Presidente Estadual do PSOL para tratar do interesse do Vereador Junior Leandro (PDT) de entrar no PSOL e a resistência de alguns dirigentes do partido para o ingresso de Junior no partido dificultou a ampliação da votação da chapa e a eleição do primeiro vereador do partido na capital. É hora de enfrentar essas diferenças internas e trazer nomes competitivos para o PSOL.
Que possamos tirar a lição certa desse processo eleitoral e pré-eleitoral. Fazer os ajustes necessários na Direção Estadual do PSOL. Avançar na unidade do campo popular. Voltar a crescer o Partido da Paraíba. Fazer nossos/as primeiros/as parlamentares.
Tárcio Teixeira