Em seu artigo nesta semana na Folha de S. Paulo, Guilherme Boulos falou sobre as recentes agressões de um segurança presidencial a uma repórter que tentava falar com Jair Bolsonaro na Bahia no último final de semana.
Boulos lembra uma série de casos em que Bolsonaro agrediu repórteres, sobretudo mulheres, que culminam na agressão de seus seguranças a jornalistas que estavam fazendo seu trabalho.
“Bolsonaro, covarde como poucos, especializou-se em agredir jornalistas, sobretudo mulheres. Quem não se recorda de suas grotescas insinuações sexistas contra a brilhante Patrícia Campos Melo, que revelou o esquema dos disparos de WhatsApp? Ou quando mandou calar a boca —como Newton Cruz— a jornalista Laurene Santos em Guaratinguetá? Driele Veiga, Daniela Lima e tantas outras foram vítimas da misoginia presidencial”, relembra.
“O cercadinho do Palácio do Alvorada foi transformado desde 2019 em palco para escracho e humilhação de jornalistas diante de regozijo do séquito bolsonarista. Para além de seu problema patológico com mulheres, que a própria primeira-dama já sugeriu que se estende para o âmbito doméstico, sua atitude com a imprensa é expressão fiel da violência política que imprimiu ao país”, continua.
“O mais grave das agressões de Bolsonaro é a mensagem que passam. Estimulam seus seguidores a fazerem o mesmo e em dose redobrada. Não por acaso jornalistas foram agredidos em manifestações e vivem um clima de constante insegurança no exercício da profissão”, avalia.
Para Boulos, é importante “separar o joio do trigo”. “A imprensa não está nem deve estar imune a críticas e contestações. Ainda mais num país com forte concentração empresarial dos grupos de mídia e em que muitos políticos de oligarquias locais têm concessão de rádios e TVs. Defender maior diversidade de vozes e posições políticas nos meios de comunicação é parte da democratização do país, atacar jornalistas é o oposto disso”, explica.
“2022 será prova de fogo para a democracia brasileira. Bolsonaro tentará fazer das eleições uma guerra campal contra a esquerda, os movimentos sociais e a imprensa. Viveremos, sem dúvidas, cenas tristes de violência política em intensidade ainda maior”, conclui.